domingo, 25 de outubro de 2009

Desabafo

Texto (2003) e traduções (2009) de Ana da Cruz.

DESABAFO
Português: Original

Fui criada no interior, de forma simples, bem mineira. A cidade grande sempre me seduziu, com o seu universo de possibilidades. Os meus princípios morais são comuns, mas sem viseiras.

Sinto nostalgia do meu tempo de infância: em que mães, pais, avós, tios, professores eram autoridades merecedoras de respeito e consideração. Inimaginável, responder-lhes com falta de educação. Respeitávamos todos os adultos porque víamos neles pais e mães de todas as crianças da rua, do bairro, da cidade. Eles eram os nossos heróis. Quando tínhamos um problema, contávamos para um adulto que estivesse perto e ele os resolvia. Com as outras crianças, tínhamos uma amizade sincera, cheia de companheirismo e confiança.

Assim como para mim, para a maioria das crianças, uma preocupação pueril em relação à segurança era a de que fôssemos chamados atenção pelos fiscais “lanterninha” do cinema ao nos pegar com os pés no chão ou por jogar pipoca nos outros, quando muito um beliscão ou um beijo roubado no rosto, nas matinês de domingo.

Quando se ouvia falar de medo era do escuro, de sapo, de cobra, do bicho-papão, da mula-sem-cabeça, de fantasmas, de filmes de terror, onde o imaginário povoava as mentes... Muitas vezes, essa era a forma errada, mas bem intencionada, que muitos pais usavam para fazerem os filhos dormirem na hora certa, não andarem no escuro, não irem sozinhos para o meio do mato, não se aventurarem pelas ruas da cidade...

Às vezes, dá-me uma tristeza infinita por tudo que perdemos. As crianças hoje, já crescem escutando: cuidado com o desconhecido! – perigo! - e olham até para a outra criança, que vêem pela rua, com desconfiança - temem que ela também possa ser um perigo. Têm medo de gente! Que mundo é este que nos descortina o medo estampado no olhar de crianças, jovens, velhos e adultos, de cada um de nós? O que ele pode oferecer aos filhos do futuro? O que eles ainda temerão? Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar, roubar, enganar, passar a perna ... tudo virou banalidade de notícias policiais, pois surgem outras e mais outras ...

Ando pela cidade e é a PAZ a mercadoria em extinção que quero dar e receber. Precisamos dela nas na porta das escolas, nas calçadas, no trânsito, na fila do banco, no elevador, no futebol e, principalmente, dentro de nossas casas. Nós, como cidadãos, não somos obrigados a amar ninguém, mas podemos que ser mais tolerantes e respeitar o outro propiciando um relacionamento amistoso para que todos, sem exceção, tenham paz, que também é critério de qualidade de vida.

Os nossos atos e as nossas palavras podem gerar dor ou alegria. Por que não doarmos o que temos de melhor? Esta é a grande semente. A Lei do Bumerangue - causa e efeito - existe. Não é apenas filosofia. São atitudes como esta que nos trazem a paz e, ao ensina-las ao outro, estaremos cumprindo a nossa tarefa para que ‘amar ao próximo como a nós mesmos’ não seja apenas uma ilusão idealista. O Brasil é visto como o maior pais cristão do mundo. Motivo de orgulho, mas morreremos de vergonha se for constatado que são falsos estes cristãos.

Então, conclamo a toda a sociedade: família, educadores e religiosos -eduquem para prevenir; autoridades: combatam e punam qualquer tipo de violência para inibir esta prática lastimável. Que cada um faça a sua parte. Precisamos de um mundo melhor para viver! Precisamos deixar um mundo para os filhos do futuro!

RELIEVE
English

I was created in the interior, in way simple, very mining. The big city always seduced me, with your universe of possibilities. My moral beginnings are common, but without visors.

I feel nostalgia of my time of childhood: in that mothers, parents, grandparents, uncles, teachers were authorities worthy of respect and consideration. Unimaginable, to answer them with education lack. We respected all the adults because we saw in the fathers and mothers of all the children's of the street, of the neighborhood, of the city. They were our heroes. When we had a problem, we counted for an adult that was close and he solved them. With the other children, we had a sincere friendship, full of companionship and trust.

As well as for me, for most of the children, a puerile concern in relation to the safety was the that were gotten attention by the fiscals of "small lantern" of the movies when discovering us with the feet in the ground or playing popcorn in the other ones, when a lot a pinch or a kiss robbed in the face, in the sunday matinée.

When one heard somebody speak of fear, it was of the darkness, of toad, of snake, of the bug-bear, of the mule-without-head, of ghosts, of terror films, where the imaginary populated the minds... Have a lot of times, that era the wrong form, but good intention, that many parents used for to make the children to sleep on time, they walked not in the darkness, they go not alone for the middle of the forest and they don't venture in the streets of the city...

Sometimes, an infinite sadness give me for everything that we lost. The children today, already learning the life listening: care with the stranger! - danger! - and they look even at the other child, that they see for the street, with distrust - they fear that she can also be a danger. They are with people's afraid! What world is this that pulls us the curtain and reveal the fear printed in the children's glance, young, old and adult, of each one of us? What can it offer to the children of the future? What will they still fear? To kill the parents, the grandparents, to do violence with children, to kidnap, to rob, to deceive, “to pass the leg”... everything transformed in banality of policemen's news, because always it appear other and more other...

I walk for the city and it is the PEACE the merchandise in extinction that I want to give and to receive. We needed her in the in the door of the schools, in the sidewalks, in the traffic, in the line of the bank, in the elevator, in the soccer and, mainly, inside of our houses. As citizens, we are not forced to love anybody, but we can to be more tolerant and to respect the other, propitiating a friendly relationship so that all us, without exception, have peace, that is also criterion of life quality.

Our acts and our words can generate pain or happiness. Why we don't donate the what we have of better? This is the great seed. The Law of the Boomerang - it causes and effect - it exists. It is not just philosophy. It is attitudes as this that bring us the peace and, when we teach it to the other person, we will be accomplishing our task so that 'to love the neighbor as to ourself’ is not just an idealistic illusion. The Brazil is seen as the largest Christian’s nation of the world. It is motivate of pride, but we will die from shame if it be verified that this christians are false.

Then, I shout it the whole society: family, educators and religious persons - educate to prevent; authorities: combat and punish any a type of violence to inhibit this pitiful practice. That each one make your part. We needed a better world to live! We needed to leave a world for the children of the future!

RELIEF
Español

Yo me creé en el interior, de la manera simple, muy minando. La ciudad grande siempre me sedujo, con su universo de posibilidades. Mis principios morales son comúnes, pero sin las viseras.

Yo siento nostalgia de mi tiempo de niñez: en que las madres, los padres, los abuelos, los tíos, maestros eran las autoridades digno de respeto y consideración. Inimaginable, contestarles con la falta de educación. Nosotros respetamos a todos los adultos porque nosotros vimos en ellos los padres y madres de todos los niños de la calle, del barrio, de la ciudad. Ellos eran nuestros héroes. Cuando nosotros teníamos un problema, nosotros contábamos para un adulto que era íntimo y él los resolvió. Con los otros niños, nosotros teníamos una amistad sincera, lleno de compañerismo y confianza.

Así como para mí, para la mayoría de los niños, una preocupación pueril respecto a la seguridad era el eso se consiguió la atención por el fiscals de "pequeña linterna " de los cines cuando descubriéndonos con los pies en la tierra o tocando la palomitas de maíz en el otro, cuando mucho un apuro o un beso robado en la cara, en la sección matinal del sábado.

Cuando uno oyó a alguien hablar de miedo, era de la oscuridad, del sapo, de la serpiente, del bicho-oso, de la mula-sin-cabeza, de los fantasmas, de las películas del terror dónde el imaginario pobló a las mentes. . . Hace mucho tiempo, esa era la forma mala, pero con la intención buena, que tantos los padres acostumbraron para hacer a los niños dormir a tiempo, para ellos no caminaron en la oscuridad, no van solos por el mediodel bosque y ellos no aventuran en las calles de la ciudad...

A veces, dame una tristeza infinita para todo lo que nosotros perdimos. Los niños hoy, ya aprendiem el vida escuchando: cuidado con el extraño! - peligro! - y ellos miran al otro niño que ellos ven para la calle incluso, con la desconfianza - ellos temen que ello también puede ser un peligro. ¡Ellos están asustados con las personas! ¿Qué mundo es esto que nos tira la cortina y revela el miedo imprimido en la mirada de los niños, jovens, viejos y adultos, de cada uno de nosotros? ¿Qué puede ofrecer a los niños del futuro? ¿Qué ellos temerán? Matar a los padres, los abuelos, violentar los niños, secuestrar, robar, engañar, "pasar la pierna." . . todo transformó en la trivialidad de las noticias de policía, puesto que siempre aparece otra y más otra...

Yo camino por la ciudad y es la PAZ la mercancía en extinción que yo quiero dar y recibir. Nosotros la necesitamos en la puerta de las escuelas, en las aceras, en el tráfico, en la línea del banco, en el ascensor, en el fútbol y, principalmente, dentro de nuestras casas. Como los ciudadanos, no nos obligan a que amemos alguien, pero nosotros tenemos de ser más tolerantes y respetar el otro, propiciando una relación amistosa para que todos, sin la excepción, tenemos paz que también es criterio de calidad de vida.

Nuestros actos y nuestras palabras pueden generar dolor o felicidad. ¿Por qué nosotros no donamos el lo de que nosotros tenemos bien? Ésta es la gran semilla. La Ley del Bumerang - causa y efecto - existe. No es solamente filosofía. Es las actitudes como esto que nos trae la paz y, cuando nosotros lo enseñamos a la otra persona, nosotros estaremos logrando nuestra tarea para que 'amar al prójimo como nosoutros' no es sólo una ilusión idealista. El Brasil es visto como la nación de los cristãos más grande del mundo. Es motivar de orgullo, pero nosotros nos moriremos de la vergüenza si se verifica que estes cristãos son falsos.

Entonces, yo lo grito la sociedad entera: la familia, los educadores y las personas religiosas - eduquem para prevenir; las autoridades: combatem y castigam cualquier un tipo de violencia para inhibir esta práctica lastimosa. Que cada uno hace su parte. Nosotros necesitamos un mundo bueno para vivir! Nosotros necesitamos dejar un mundo para los niños del futuro!

FONTE DA VERSÃO ORIGINAL: CRUZ, Ana da. Desabafo. In: AbraçArte BH – A Arte Pede Paz! (Manifesto). Belo Horizonte: CONTROL-Arte e Editora Gráfica, 2003.

* A paz ainda não é uma realidade, continua sendo uma necessidade. Este texto foi distribuído graciosamente junto a outros, no Manifesto pela Paz, editado por ocasião do Movimento "AbraçArte BH: A Arte Pede Paz" , com vários grupos sociais, artísticos e culturais num todo mobilizados pela conscientização de que é necessária a paz como elemento de qualidade de vida e de adapatação do homem no seu ambiente social. Uma compilação de mensagens de paz e amor à vida, incluindo o texto Desabafo, escrito na ocasião, foi impressa com a parceria da Control-Arte, em 2003, e doado aos participantes do movimento de mesmo nome, em manifestações variadas pela paz, acontecida na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, liderado com a parceria do também agente sócio-cultural Cláudio Márcio Barbosa, contanto com a parceria da Simparc, Fam Produções, Laser Plus, Moto BH, Tv Alterosa, Sated, Siapemg, SMMG, ACCM, Abigraf, Abraço, AMMIG, Amai, Ambi, FCS, Sconger, SLU, OMB, UNIAC, Terra Verde, Cooperarte, Culturarte, Belotur, Prefeitura de Belo Horizonte, Polícia Militar. As manifestações que movimentaram o centro de Belo Horizonte foram encerradas com a soltura de balões e pombos na Praça do Papa.